Carta aos assinantes

A Revista Tempo Brasileiro, fundada em 1962, e logo situada no que seria a contracena de 1964, nasceu com o compromisso de pensar e repensar o Brasil, discutir historicamente, reflexivamente, o legado e o projeto nacional. Mas sem descuidar ou minimizar o seu horizonte internacional, mediato e imediato: o percurso tenso de uma emancipação toda pontilhada de idas e voltas, altos e baixos.

Sempre dialogando com as grandes correntes e os pensadores mais representativos, como se pode observar pelo índice geral da nossa revista (por autor, na Tempo Brasileiro nº 191, 2012, por título de artigos, na TB nº 200, 2015). 

A Revista Tempo Brasileiro igualmente abriu espaço aos jovens, à produção científica proveniente da pesquisa gerada pelos programas de pós-graduação em áreas interdisciplinares como filosofia, literatura, sociologia, linguística, matemática, ciência da informação, economia, entre várias outras.

O artífice desse processo chama-se Eduardo Portella, como assinalou o Redator-Chefe da Revista até recentemente, o Acadêmico Marco Lucchesi, “aquele que pensou um espaço de adesão entre as dimensões da ética e do pensamento, quem foi capaz de reunir em torno de si um ponto de partida, que se abre de forma súbita e inconfundível para los extendidos prados de um projeto intelectual que não cessa de abrir amplas janelas”.

Como deixou registrado o próprio Eduardo Portella, “fui da militância intelectual e política ao ministério, mas sem jamais negligenciar o compromisso militante de sempre: a democracia e a justiça social. Creio que, nos mais diversos mandatos, grandes ou pequenos, nacionais e internacionais, jamais deixei de ser o diretor da Revista Tempo Brasileiro”.

Por isso, em 2017, com sua partida, a Revista Tempo Brasileiro deixou de circular, após 55 anos de vida não raro acidentada e até turbulenta.

O nosso reconhecimento terá que ser estendido a todos aqueles que contribuíram para a sobrevivência dessa Revista que se tornou em número monográfico, aos autores e aos assinantes que foram fiéis nesse longo itinerário, compromissados com o saber por vir, declaradamente plurais, no encalço da cidade cosmopolita.